Na Grécia Antiga, o porre alcoólico era tido como um mergulho do deus Dioniso na pessoa. Esse era o deus da irregularidade, da irreverência, e era sempre muito bem-vindo goela abaixo. O bebedor entrava em êxtase, palavra grega que significa “sair de si mesmo”. Havia bêbados incômodos e bêbados sociáveis.
No livro O Banquete, Platão narra uma deliciosa história de como Alcibíades, de fogo, atrapalha um simpósio filosófico e deixa Sócrates totalmente desconcertado.
Coroado com flores, coberto de fitas e amparado por uma flautista e por amigos amigos, Alcibíades entra no meio de um simpósio. Quando chega, todos o aclamam e pedem para que ele tome seu lugar à mesa.
Alcibíades se senta entre o anfitrião e Sócrates, aparentemente sem vê-lo. O filósofo precisa se afastar para dar lugar ao novo conviva.
Quando Alcibíades enfim vê Sócrates (ou dá a entender isso), exclama: “Por Héracles, o que é isso! Continuas a perseguir-me e te emboscas aqui, conforme o teu costume de aparecer justamente nos lugares em que menos espero te encontrar!”.
Sócrates, todo sério, reclama. Mas os participantes, em vez de censurá-lo, deixam Alcibíades à vontade.
O que ele fala em seguida é o texto conhecido como o Elogio de Sócrates.
Para quem te o livro O Banquete em casa, vale a leitura.